Introdução

Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!

quinta-feira, 2 de março de 2017

PUREZA EM BRANCO


Quando Anésio Fraga deixou o corpo físico, ele, que fora sempre considerado puro entre os homens, atingiu a Fronteira do Mundo Espiritual à semelhança de um lírio, tal a brancura de sua bela vestimenta.

Pretendia viver nas Esferas Superiores, respirar o clima dos anjos, alçar-se às estrelas e comungar a presença do Cristo – explicou ao agente espiritual que atendia ao policiamento da passagem para os excelsos Planos da Espiritualidade.

O zeloso funcionário, contudo, embora demonstrasse profundo respeito para com a sua apresentação, submeteu-o a longo teste, findo o qual, não obstante desapontado, explicou que lhe não seria possível avançar.

Faltavam-lhe requisitos para maior ascensão.

– Eu? eu? – gaguejou Anésio, aflito. – Como pode ser isso? Fui na Terra um homem que observou todas as regras do Santo Caminho.

– Apesar de tudo... – falou o fiscal, reticencioso.

– Não me conformo, não me conformo! – reclamou o candidato à glória divina.

E sacando do bolso uma lista, exclamou agastado:

– Pensando na hipótese de alguma desconsideração, resumi em dez itens o meu procedimento irrepreensível no mundo.

E leu para o benfeitor calmo e atento: 

– Respeitei todas as religiões. 

– Cultivei o dom da prece. 

– Acreditei no poder da caridade.

– Nunca aborreci os meus semelhantes. 

– Confiei sempre no melhor. 

– Calei toda palavra ofensiva ou desrespeitosa. 

– Calculei todos os meus passos.

– Jamais procurei os defeitos do próximo.

– Evitei o contacto com todas as pessoas viciadas.

– Vivi em minha casa preocupado em não ser percalço na estrada alheia.

O mordomo da Grande Porta, no entanto, sorriu e comentou :

– Fraga, você leu as afirmações, esquecendo as demonstrações.

– Como assim ?

O amigo paciente apanhou uma ficha e esclareceu que o Plano Espiritual possuía também apontamentos para confronto e solicitou-lhe a releitura da lista.

Principiou Anésio :

– Respeitei todas as religiões...

E o examinador acentuou, conferindo as anotações :

– Mas não serviu a nenhuma.

– Cultivei o dom da prece...

– Somente em seu próprio favor.

– Acreditei no poder da caridade...

– Todavia, não a praticou.

– Nunca aborreci os meus semelhantes...

– Entretanto, não auxiliou a quem quer que fosse.

– Confiei sempre no melhor...

– Mas apenas em seu benefício.

– Calei toda palavra ofensiva ou desrespeitosa...

– Não se lembrou, porém, de falar aquelas que pudessem amparar os necessitados de consolo e esperança.

– Calculei todos os meus passos... 

– Para não ser molestado.

– Jamais procurei os defeitos do próximo... 

– Contudo, não lhe aproveitou os bons exemplos. 

– Evitei o contacto com todas as pessoas viciadas... 

– Atendendo ao comodismo. 

– Vivi em minha casa preocupado em não ser percalço na estrada alheia...

– Simplesmente para não ser chamado a tarefas de auxílio...

Anésio, desencantado, silenciou, mas o benfeitor esclareceu, sem afetação :

– Meu amigo, meu amigo! não basta fugir ao mal. É preciso fazer o bem. Você movimenta-se em branco, veste-se em branco, calça em branco e brilha em branco, mas a sua existência na Terra passou igualmente em branco... Volte e viva!

Angustiado, Anésio perdeu o próprio equilíbrio e rolou da Altura na direção da Terra...

Francisco Cândido Xavier pelo espírito Irmão X no livro 
"Contos desta e doutra vida".


quarta-feira, 1 de março de 2017

QUESTÕES DE PUREZA


A pretexto de seres bom, não desampares aquele que o mundo categoriza por mau, de vez que amanhã, esclarecidas as nossas contas, na Justiça Divina, é possível que as nossas virtudes venham a desejar.

A pretexto de seres humilde, não te distancies daquele que a Terra classifica por orgulhoso, porquanto, um dia é provável que a nossa singeleza exterior, ao sol da Verdade Eterna, se reduza à vaidade e ilusão.

A pretexto de seres paciente, não menosprezes aquele que muitos acreditam impulsivo e violento, porque, na esfera da realidade sem mescla, bastas vezes, a nossa suposta serenidade não passa de ociosidade da mente e do coração.

A pretexto de seres caridoso, não fujas daqueles que a sociedade define como sendo ingrato e insensível, entendendo-se que, em muitas ocasiões, ante a luz meridiana do conhecimento superior, a nossa pretensa superioridade é simples tirania do sentimento.

Recorda que a semente limpa em que se te baseia o prato de cada dia procede do chão escuro.

Há, na Terra, muita veste alva que, na essência, se tinge com o suor e com o sangue de irmãos sacrificados por duras exigências e há muita roupa andrajosa e aparentemente enlameada ocultando corações sublimes e heroicos, de cuja abnegação se derrama resplendente brilho solar.

Aprendamos com Jesus a socorrer os pântanos da estrada e, decerto, do lodo que nos mereça compreensão e devotamento, surgir-nos-á o lírio sublime do reconhecimento e do amor que, em se levantando das trevas do charco para a glória da Altura, nos indicará ao Espírito deslumbrado o excelso caminho da própria ressurreição.

Francisco Cândido Xavier pelo espírito Emmanuel 
no livro "Passos da vida".




terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

VÓS, QUE DIZEIS?

"E perguntou-lhes: e vós,
quem dizeis que eu sou? (Lc 9:20)
Nas discussões propriamente do mundo, existirão sempre escritores e cientistas dispostos a examinar o Mestre, na pauta de suas impressões puramente intelectuais, sob os pruridos da presunção humana.

Esses amigos, porém, não tiveram contato com a alma do Evangelho, não superaram os círculos acadêmicos e nem arriscam títulos convencionais, numa excursão desapaixonada através da revelação divina; naturalmente, portanto, continuarão enganados pela vaidade, pelo preconceito ou pelo temor que lhes são peculiares ao transitório modo de ser, até que se lhes renove a experiência nas estradas da vida imperecível.

Entretanto, na intimidade dos aprendizes sinceros e fiéis, a pergunta de Jesus reveste-se de singular importância.

Cada um de nós deve possuir opiniões próprias, relativamente à sabedoria e à misericórdia com que temos sido agraciados.

Palestras vãs, acerca do Cristo, quadram bem apenas a espíritos desarvorados no caminho da vida. A nós outros, porém, compete o testemunho da intimidade com o Senhor, porque somos usufrutuários diretos de sua infinita bondade. Meditemos e renovemos aspirações em seu Evangelho de Amor, compreendendo a impropriedade de mútuas interpelações, com respeito ao Mestre, porque a interrogação sublime vem Dele a cada um de nós e todos necessitamos conhecê-lo, de modo a assinalá-lo em nossas tarefas de cada dia.

Francisco Cândido Xavier pelo espírito Emmanuel no livro "Pão Nosso".






Para fazer o download da apresentação utilizada na exposição deste tema ocorrida no Centro Espírita Casimiro Cunha, em tarefa que acontece todas as terças-feiras às 19:00 horas, basta clicar A.Q.U.I.