Introdução

Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!

segunda-feira, 19 de junho de 2017

AUTO-OBSESSÃO



Cumpre, todavia, se não atribuam à ação direta dos Espíritos todas as contrariedades que se possam experimentar, as quais, não raro, decorrem da incúria, ou da imprevidência. Um agricultor nos escreveu certo dia que, havia doze anos, toda sorte de infelicidades lhe acontecia, relativamente ao seu gado; ora eram as vacas que morriam, ou deixavam
de dar leite, ora eram os cavalos, os carneiros, ou os porcos que sucumbiam. Fez muitas novenas, que em nada remediaram o mal, do mesmo modo que nada obteve com as missas que mandou celebrar, nem com os exorcismos que mandou praticar. Persuadiu-se, então, de acordo com o preconceito dos campos, de que lhe haviam enfeitiçado os animais. Supondo-nos, sem dúvida, dotados de um poder esconjurador maior do que o do cura da sua aldeia, pediu o nosso parecer. Foi a seguinte a resposta que obtivemos: "A mortalidade ou as enfermidades do gado desse homem provêm de que seus currais estão infectados e ele não os repara, porque custa dinheiro."


O Livro dos Médiuns – 2ª parte – Capítulo XXIII – Item 253.


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A influência obsessiva da alma sobre si mesma denomina-se auto-obsessão. A criatura passa a ser "a opressora de si própria"; há um verdadeiro "campo de batalha" em seu mundo interior, provocando alterações de comportamento físico, emocional e mental. Ao pensar, através de seu centro mental, ela irradia vibrações ou ondas que se propagam ao seu derredor. A mente emite e, ao mesmo tempo, capta qualquer onda energética que a atinja, desde que esteja vibrando na mesma sintonia espiritual de outra fonte emissora. Cada pessoa plasma os reflexos de si mesma e, por onde passa, entra em comunhão com a matéria mental alheia, exteriorizando o seu melhor lado, ou mesmo, criando perturbação ou desajustamento. Em síntese: somos nós mesmos que ligamos ou desligamos o fio condutor de nossos sentimentos e pensamentos.

A projeção mental se vincula, se perpetua e se justapõe, ou se desata, se distancia e se inibe, dependendo da força da determinação e do grau de conhecimento, isto é, do potencial evolutivo do indivíduo. Dessa forma, as almas em desarmonia íntima são semelhantes a um ímã: atraem para si forças destrutivas que lhes assinalam o âmago, projetando teias enfermiças através de sua atmosfera psíquica ou de sua aura doentia. Geralmente, a auto-obsessão vem acompanhada de sentimentos de culpa, de autocensura, de recriminação, de complexos de inferioridade e de irresponsabilidade pelo próprio destino. Esses sentimentos desagradáveis resultam, incondicionalmente, de idéias ou crenças inadequadas e inconscientes que distorcem o real significado de bondade, de pureza, de honestidade, de castidade, de retidão, de evolução, de religiosidade e de outros tantos conceitos ou definições.

A criatura passa a ser "vitima do destino" e, tal são a apatia e passividade que a envolve, que ela se julga imperfeita e impotente, ignorando sua possibilidade de mudar ou de utilizar seu livre-arbítrio. Os auto obsidiados sentem-se tratados de forma injusta pela vida, ressaltando negativamente o modo de ser das pessoas, das coisas e de si mesmos. São facilmente influenciados e se asfixiam constantemente com as "sujeiras do mundo". Por terem uma aura de negatividade, atraem "larvas astrais" que desarranjam o reino interior.

Aquele que se encontra em auto-obsessão experimenta um modo de viver complicado ou embaraçado. Tem dificuldade de analisar, discernir e sentir a vida tal como ela é, pois lhe falta a "visão sistêmica" da existência humana. Ele carece da síntese das experiências vividas, pois seu pensamento analítico fica obstruído. Quando nos conscientizamos de nossos processos mentais, passamos a clarear nosso mundo interior e a administrar nossas atitudes psíquicas. A partir disso, resgatamos o "senso pluri dimensional" de almas imortais.

A faculdade de raciocinar faz com que percebamos a proporção de nossas dificuldades, a dimensão e extensão de nossos problemas e conflitos existenciais. Por isso, é importante tomar consciência do quanto ignoramos a vida dentro e fora de nós. Sobretudo quando o fato de ignorar-nos leva à humildade, por admitirmos o quanto não sabemos, como também nos incentiva na busca do aprendizado e da sabedoria. Platão, filósofo grego, discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles, escreveu: "As pessoas ignorantes não procuram sabedoria. O mal da ignorância está no fato de que aqueles que não são bons nem sábios estão, apesar disso, satisfeitos consigo mesmos. Não desejam aquilo de que não sentem falta".

Os dicionários definem auto-ilusão como um engano dos sentidos ou da mente, que faz com que interpretemos de forma errada uma atitude, um fato ou uma sensação, tomando-os por coisas completamente diferentes. O estudo de nós mesmos nos ajuda a escapar do intrincado labirinto no qual vivemos e nos permite desenvolver nossas habilidades adormecidas, facilitando-nos, assim, entrar em contato com a sabedoria da Vida Providencial, que tudo governa através de suas leis naturais.

A auto-obsessão está vinculada aos processos de elaboração do mundo intimo, podendo acarretar sérios distúrbios no corpo astral e, consequentemente, na roupagem física. Quanto mais ignorarmos o processo das leis divinas, cultivando mágoa, culpa, crítica, baixa estima, ilusão, dependência e outras tantas "dores da alma", mais estaremos semeando farpas magnéticas no campo emotivo e intoxicando, por conta própria, a nossa atividade mental.

Para nos libertarmos das prisões da auto-obsessão, é necessário exercitarmos a auto-observação e aprendermos a testemunhar nossos próprios pensamentos, emoções, atos e atitudes. Mais ainda, é preciso desenvolvermos uma visão interior que não acusa  nem julga, mas unicamente observa, de maneira imparcial e objetiva, permitindo-nos conhecer a verdade tal como é. Além disso, é imprescindível aquietarmo-nos numa aceitação serena e honesta, admitindo o que somos e o que sentimos, sem jamais nos condenarmos ou punirmos. A auto-aceitação nos facilita a conscientização de nossos desacertos e de nossa ignorância e, se essa conscientização for progressiva e constante, aí descobriremos dentro de nós as fontes que nos perturbam a existência.

Assumindo a responsabilidade total por nosso desequilíbrio, não passamos mais a "atribuir à ação direta dos Espíritos todas as nossas contrariedades, que, em geral, são consequência da nossa própria incúria ou imprevidência", nem tampouco a lançar culpa nos outros – na família, nas pessoas com quem convivemos, nas existências do passado ou nas regras injustas da sociedade. A rigor, aqui está o início da cura de toda auto-obsessão.

Francisco do Espírito Santo Neto pelo espírito Hammed no livro "Imensidão dos Sentidos". 


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