Introdução

Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!

sexta-feira, 27 de maio de 2016

O ESPELHO DA VIDA

A mente é o espelho da vida em toda parte. 

Ergue-se na Terra para Deus, sob a égide do Cristo, à feição do diamante bruto, que, arrancado ao ventre obscuro do solo, avança, com a orientação do lapidário, para a magnificência da luz. 

Nos seres primitivos, aparece sob a ganga do instinto, nas almas humanas surge entre as ilusões que salteiam a inteligência, e revela-se nos Espíritos Aperfeiçoados por brilhante precioso a retratar a Glória Divina. 

Estudando-a de nossa posição espiritual, confinados que nos achamos entre a animalidade e a angelitude, somos impelidos a interpretá-la como sendo o campo de nossa consciência desperta, na faixa evolutiva em que o conhecimento adquirido nos permite operar.

Definindo-a por espelho da vida, reconhecemos que o coração lhe é a face e que o cérebro é o centro de suas ondulações, gerando a força do pensamento que tudo move, criando e transformando, destruindo e refazendo para acrisolar e sublimar. 

Em todos os domínios do Universo vibra, pois, a influência recíproca. 

Tudo se desloca e renova sob os princípios de interdependência e repercussão. 

O reflexo esboça a emotividade. 

A emotividade plasma a ideia. 

A ideia determina a atitude e a palavra que comandam as ações. 

Em semelhantes manifestações alongam-se os fios geradores das causas de que nascem as circunstâncias, válvulas obliterativas ou alavancas libertadoras da existência. 

Ninguém pode ultrapassar de improviso os recursos da própria mente, muito além do círculo de trabalho em que estagia; contudo, assinalamos, todos nós, os reflexos uns dos outros, dentro da nossa relativa capacidade de assimilação. 

Ninguém permanece fora do movimento de permuta incessante. 

Respiramos no mundo das imagens que projetamos e recebemos. Por elas, estacionamos sob a fascinação dos elementos que provisoriamente nos escravizam e, através delas, incorporamos o influxo renovador dos poderes que nos induzem à purificação e ao progresso. 

O reflexo mental mora no alicerce da vida. 

Refletem-se as criaturas, reciprocamente, na Criação que reflete os objetivos do Criador.

Emmanuel [espírito] através de Francisco Cândido Xavier, 
no livro "Pensamento e Vida" - capítulo 1. 

quinta-feira, 26 de maio de 2016

CARÁTER DA REVELAÇÃO ESPÍRITA - ÍTEM 30

O Espiritismo, partindo das próprias palavras do Cristo, como este partiu das de Moisés, é conseqüência direta da sua doutrina. À idéia vaga da vida futura, acrescenta a revelação da existência do mundo invisível que nos rodeia e povoa o espaço, e com isso precisa a crença, dá-lhe um corpo, uma consistência, uma realidade à idéia. Define os laços que unem a alma ao corpo e levanta o véu que ocultava aos homens os mistérios do nascimento e da morte. Pelo Espiritismo, o homem sabe donde vem, para onde vai, por que está na Terra, por que sofre temporariamente e vê por toda parte a justiça de Deus. Sabe que a alma progride incessantemente, através de uma série de existências sucessivas, até atingir o grau de perfeição que a aproxima de Deus. Sabe que todas as almas, tendo um mesmo ponto de origem, são criadas iguais, com idêntica aptidão para progredir, em virtude do seu livre-arbítrio; que todas são da mesma essência e que não há entre elas diferença, senão quanto ao progresso realizado; que todas têm o mesmo destino e alcançarão a mesma meta, mais ou menos rapidamente, pelo trabalho e boa vontade.

Sabe que não há criaturas deserdadas, nem mais favorecidas umas do que outras; que Deus a nenhuma criou privilegiada e dispensada do trabalho imposto às outras para progredirem; que não há seres perpetuamente votados ao mal e ao sofrimento; que os que se designam pelo nome de demônios são Espíritos ainda atrasados e imperfeitos, que praticam o mal no espaço, como o praticavam na Terra, mas que se adiantarão e aperfeiçoarão; que os anjos ou Espíritos puros não são seres à parte na criação, mas Espíritos que chegaram à meta, depois de terem percorrido a estrada do progresso; que, por essa forma, não há criações múltiplas, nem diferentes categorias entre os seres inteligentes, mas que toda a criação deriva da grande lei de unidade que rege o Universo e que todos os seres gravitam para um fim comum que é a perfeição, sem que uns sejam favorecidos à custa de outros, visto serem todos filhos das suas próprias obras. 

quarta-feira, 25 de maio de 2016

A QUALIDADE DE VIDA VISTA PELO MATERIALISMO HISTÓRICO


A qualidade de vida é o discurso corporativo garantidor de vida boa para qualquer um, através do respeito de certos quesitos, como consumo de carne por ano, redução de jornada de trabalho, iogurte light, ioga, atividade física, suco de bagaço de laranja etc...

Empresas que se consideram muito preocupadas com seus colaboradores lançam cada vez mais programas de qualidade de vida. Inventam cada vez mais ideias inovadoras para ocupar o tempo daqueles que frequentam aquele espaço. E você dirá: "Até agora, nada de errado!". Pois é, mas o que o materialismo histórico lhe dirá é que há, por trás da invenção de cada programa, uma causa material. Qual é a causa material neste caso? A estafa, a fadiga, o estresse, a pressão, o desgaste, a sobrecarga, a hora extra. E o que a empresa faz? Ao criar um programa de qualidade de vida, ela nega que as condições materiais anteriores aos programas, as suas causas, possam ser diferentes do que são. Quando alguém lhe propõe um workshop na praia, o que está dizendo é: "olha, meu amigo, nós vamos lá fazer cobranças, colocar metas para você cumprir, aumentar a carga de trabalho, aumentar sua preocupação e tudo mais, mas não se preocupe, no final, você faz uma tirolesa e esquece um pouco a parte ruim da vida, porque esta nós não vamos mudar nem um pouquinho? 

O que a análise marxista vai dizer da qualidade de vida? Que ela é uma estratégia de legitimação do sistema tal como ele é. E aí ninguém se dá conta de que a tal qualidade de vida não coincide com uma vida de qualidade. Por que você precisa de tantas atividades de qualidade de vida? Por causa do estrago que a sua vida estressante lhe faz. Então, por que não cortar o mal pela raiz? Porque não interessa à expansão do capital. Este é o ponto de vista marxista, que não perdoa nem o pulo de paraquedas, nem o kart, nem o fim de semana com a família num workshop em Embu das Artes.

E por que nem você nem ninguém percebe o engodo? Porque, Marx dirá, são alienados. E não se preocupe porque teremos um devaneio só sobre isso, para você entender que não estou aqui só descarregando os recalques da vida de professor. Essas coisas todas se interconectam e fazem bastante sentido. Estamos todos, no final das contas, sob as asas do capital, e, quando legitimamos todas as estratégias de dominação e alienação, somos o pior dos seres para nós mesmos, porque aceitamos o enrabamento e achamos que o enrabamento faz parte da natureza das coisas, que o mundo é assim, uns fodem e os outros são fodidos. E ainda nos alegramos com o curativo existencial da qualidade de vida, e achamos que a empresa que nos explora é muito preocupada conosco, quando, na verdade, tudo isso não passa de distrações baratas para que não se questione e nem se perceba a injustiça de todo o resto da sua convivência. 

Se você aguentou aqui aqui, sugiro que continue na jornada, para que, no final desta leitura, possa você mesmo chegar a essas conclusões, tanto na qualidade de vida quanto em tantas outras questões. São mais sete devaneios, agora voltados ao pensamento de Marx, já que você jpa está prevenido a respeito do materialismo e do idealismo. 

Venha comigo. Não prometo flores. Não em Marx, mas prometo que me esforçarei ao máximo para fazer de tudo isso algo palatável à sua mente, palatável o suficiente para que você desfrute e provocador o suficiente para que você se transforme.

Fragmento retirado do Primeiro Devaneio - Materialismo e Idealismo.

RIQUEZA DA VIDA INTERIOR


“E assim podermos servir em novidade de espírito e não na caducidade da letra”. (Romanos, 7:6.)

O Cosmo pode ser comparado a um incomensurável arquivo vivo que guarda inúmeras coleções de obras-primas.

Cada texto escrito representa as diversas experiências que tivemos nas múltiplas encarnações ao longo do tempo. Cada um de nós é o somatório desses mesmos textos, compilados num único livro.

Em virtude disso, podemos encontrar “anotações sagradas” nas entrelinhas da própria alma. A divindade colocou um selo cunhado no Espírito, mas apenas quem o vê descobre sua filiação celeste.

Cada um de nós é uma “obra-prima” de Deus, única e com características peculiares.

Como somos todos “livros diferentes”, o sucesso de uma vida plena é ler-nos e, a partir daí, expressarmo-nos perante o mundo usando nossa originalidade.

Quem não exercita a leitura de si mesmo provavelmente ficará retido na capa e distanciado do seu conteúdo.

É necessário pesquisar o “índice interno”: lista alfabética de nomes, lugares e assuntos, que nos permite localizar a “página íntima”, onde os nossos temas podem ser encontrados, para não ficarmos presos à “capa-revestimento”.

Só nos pertence realmente aquilo que interpretamos. Apenas retemos aquilo que tenha vindo de nossas experiências, análises e inspirações.

Se não soubermos ler a nós mesmos, dificilmente aprenderemos a escolher bons livros. Só vence a alucinação da capa quem mergulha nas profundezas do conteúdo da vida interior.

Há um excessivo número de livros que apenas distraem a mente. Quantas vezes adquirimos obras iludidos pela aparência externa! Capas multicoloridas, títulos extravagantes, que camuflam romances simplistas, histórias infantis sem valor pedagógico, dramas sensacionalistas. Há ocasiões em que temos o disparate de comprá-las sem ao menos consultar o sumário.

A capa pode ficar amassada e envelhecida, a página pode ser despedaçada e separada do livro, todavia nenhuma criatura amassa, tritura, rasga ou aparta ideias, sentimentos e emoções que uma alma interpretou e guardou em seu âmago.

A mente entretida bloqueia a fonte sapiencial e polui a via de acesso pela qual escolhemos “livros externos” através do conteúdo de nosso “texto interno”.

Portanto, quando desenvolvemos a habilidade de fazer a “mente silenciar”, penetramos na essência das coisas e, como resultado, passamos a escolher os livros que nos levem a maiores reflexões e, ao mesmo tempo, a tomar posse da “biblioteca viva” que existe dentro de nós.

• Ler para compreender o mundo interior.

• Ler para assimilar com profundeza os sentimentos.

• Ler para observar o funcionamento da mente.

• Ler para atingir o cerne da própria alma.

• Não ler só para ficar na superfície romanceada.

• Não ler para considerar apenas uma face ou um aspecto dos fatos.

• Não ler somente para divagar em histórias fantasiosas e repetitivas.

• Não ler para unicamente abstrair-se das dificuldades, mas para resolvê-las.

Paulo de Tarso, o grande divulgador do Cristianismo, escreve aos romanos: “servir em novidade de espírito e não na caducidade da letra” .

Concluímos, ajustando o texto paulino ao nosso entendimento: não possui validade por si só o que está escrito “ao pé da letra”, mas o “espírito” da ideia, a intenção real do que está no texto.

A “novidade de espírito” quer dizer: é necessário decifrar o novo – que não se manifesta claramente e que está além do literal do contrário a leitura passa a ser uma distração banal, e não um meio de despertar os valores inatos da alma.

A “caducidade da letra” significa que o que está escrito pode ser considerado caduco, sem validade, ou se tornar indevido, se não for descoberto o sentido implícito ou subentendido da escrita.

“A letra mata, mas o Espírito comunica a vida” faz-nos entender que o que se lê não tem significação ou valor se não houver preocupação de interpretar o que é simbólico.

Escolhem-se “obras externas” por meio do “livro interno”.

Nosso sistema de pensamento cognitivo e os demais processos espirituais estão ligados à nossa “enciclopédia sagrada”.

Os recursos de que necessitamos para bem viver não estão na exterioridade; estão dentro de nós, visto que cada ser humano é um “livro transcendental” repleto de conhecimentos imortais.


Hammed (Espírito) através de Francisco do Espírito Santo Neto, no livro "Um Modo de Entender Uma Nova Forma de Viver", cap. 11.

terça-feira, 24 de maio de 2016

MONTURO


“Nem presta para a terra, nem para o monturo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.” — Jesus.
(LUCAS, CAPÍTULO 14, VERSÍCULO 35.)  

Segundo deduzimos, Jesus emprestou significação ao monturo. 

Terra e lixo, nesta passagem, revestem-se de valor essencial. Com a primeira, realizaremos a semeadura, com a segunda é possível fazer a adubação, onde se faça necessária. 

Grande porção de aprendizes, imitando a atitude dos fariseus antigos, foge ao primeiro encontro com as “zonas estercorárias” do próximo; entretanto, tal se verifica porque lhes desconhecem as expressões proveitosas. 

O Evangelho está cheio de lições, nesse setor do conhecimento iluminativo. 

Se José da Galiléia ou Maria de Nazaré simbolizam terras de virtudes fartas, o mesmo não sucede aos apóstolos que, a cada passo, necessitam recorrer à fonte das lágrimas que escorrem do monturo de remorsos e fraquezas, propriamente humanos, a fim de fertilizarem o terreno empobrecido de seus coraçoes. De quanto adubo dessa natureza precisaram Madalena e Paulo, por exemplo, até alcançarem a gloriosa posição em que se destacaram? 

Transformemos nossas misérias em lições.

Identifiquemos o monturo que a própria ignorância amontoou em torno de nós mesmos, convertamo-lo em adubo de nossa “terra íntima” e teremos dado razoável solução ao problema de nossos grandes males. 

Emmanuel [Espírito] através de Francisco Cândido Xavier, 
no livro "Pão Nosso", capítulo 121. 

domingo, 22 de maio de 2016

SUICIDAS


Não condenes as vítimas da loucura e do sofrimento que se retiram do mundo pelas portas do suicídio.

Ninguém lhes viu talvez a luta insana. E não sabes até que ponto sorveram o veneno da angústia na taça de fel!

Faze silêncio, diante dos que caíram no paroxismo da desesperação e da dor.

Na batalha do mundo, quantos despem o manto da carne, roídos no âmago da alma pelas chagas de aflitivas desilusões!... Quantos procuram fugir ao nevoeiro do vale, arrojando-se às trevas do despenhadeiro cruel!...

E, pedindo a paz do Senhor para os que descem à sombra da rendição antes do triunfo, ora também pelos que armam as garras da treva contra si próprios no pelourinho da maldade e da calúnia:

Pelos que perturbam o caminho alheio, aniquilando a própria existência;

Pelos que rendem culto à perversidade, consumindo-se na ilusão de que destroem o próximo;

Pelos que se afogam no charco da viciação;

Pelos que se entregam à inércia e pelos que perseguem e chicoteiam os semelhantes, cavando para si mesmos o túmulo de lodo em que hão-de-perecer!

Saibamos utilizar dificuldades na sublimação de nosso futuro.

A Terra é um santuário de regeneração e de esperança para quantos lhe abraçam as lições com ânimo forte, conscientes da misericórdia em que se fundamenta a Divina Justiça.

Dores, aflições, provas e desencantos representam o material educativo do templo em que nos asilamos, à procura de fortaleza moral e de créditos imprescindíveis à continuidade de nossa viagem para Deus.

Não te confies ao cansaço ou ao desalento, na solução dos problemas que te afligem a marcha.

Renova-te na fé viva e no trabalho constante, inspirando-te na excelsitude do Sol que te acompanha, cada manhã, prometendo-te, cada noite, o esplendor de um outro dia, que raiará sempre mais belo.

Caminha para diante, regozija-te com o sofrimento que te ajusta as contas e abençoa os obstáculos que te fazem mais experiente e mais nobre!...

E unido à tarefa que o Senhor te confiou, qualquer que ela seja, aprendendo e servindo, amando e lutando na construção do Bem Infinito, encontrarás, mesmo na Terra, o manancial da Vida Abundante que te alimentará o coração na conquista da Vida Imperecível.

Mensagem de Emmnauel (Espírito) recebida por Francisco Cândido Xavier, em reunião pública no Centro Espírita Luiz Gonzaga, Pedro Leopoldo (MG), em 23 de agosto de 1954, véspera do suicídio do Presidente Getúlio Vargas.