Introdução

Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

A RAZÃO DE SER DO HOMEM DE MARX

[...] lembra com propriedade o Dr. Humberto Mariotti, o homem de Marx, embora concebido como um mero composto físico-químico, como um organismo material governado e conduzido pelos modos de produção, revela-se já melhor do que o "homem velho", dependente da exploração capitalista e forçado a vender sua força de trabalho como mercadoria. O homem de Marx, teoricamente, é um ser liberado da exploração econômica, mas cumpre se lhe aditem as virtudes de que ainda carece: é um homem insuficiente, porque sem perspectivas metafísicas e amesquinhado em suas dimensões espirituais, incapaz de satisfazer o anelo de imortalidade que o espírito humano alimenta em suas entranhas. Marx exigiu mais desse homem do que lhe podia ofertar: esqueceu que um homem chamado a promover a transformação do velho mundo e convulsionar a sociedade decadente, a construir o mundo do futuro, não devia morrer. O homem de Marx, que termina na morte e no nada depois de se haver sacrificado pela ereção de uma civilização mais humana e mais justa, não tem quaisquer vinculações palingenésica com o processo histórico: nasce e morre desconhecendo o sentido da luta e a finalidade de sua existência. O desejo de emancipar o homem da escravidão econômica, a fim de alçá-lo à condição de cidadão livre e enobrecido pela nova ética do trabalho, levou Marx a bosquejar um homem sem implicações com o espiritual e o eterno. Crendo que o espírito representava um entrave para o advento de uma sociedade sem classes, porque tanto o filósofo idealista quanto o religioso sufocavam as reivindicações dos oprimidos ao falar-lhes de uma hipotética felicidade ultraterrena, com o que legitimavam a indiferença e o egoísmo dos opressores, o autor de "O Capital" preferiu matar o homem espiritual e suas poéticas esperanças de recompensa no mais-além, atendo-se tão-somente à realidade das coisas objetivas, e concebeu um homem material, cujo destino não ultrapassa sua morte física. Marx acreditava que a verdade jamais submete o homem, antes o eleva e melhora suas condições de vida social, e sentiu que o tipo de verdade espiritual que pregavam os teóricos do Cristianismo, pelo menos ate meados do século XIX, era o que convinha à exaltação dos potentados sobre as agruras dos humildes. Rechaçou, portanto, essa verdade espiritual sancionada pela estrutura social vigente e chegou à conclusão de que a única realidade se encontra no mundo físico e na vida material do homem, sustentando que a ciência e a verdade libertam o indivíduo e que toda ideia religiosa, tendente a sujeitá-lo com vãs promessas pós-mortais, é uma falsa verdade, ou um argumento das forças reacionárias para deter o advento da justiça social e da democracia. Todavia, se o homem de Marx – assim justificado – é um erro em seu aspecto espiritual, é não obstante uma verdade em sua face social: o gênio de Marx demonstrou à inteligência humana que o socialismo, ou o regime da propriedade coletiva dos meios de produção, é o que melhor atende aos anseios de liberdade e justiça da nova humanidade.





Jacob Holzmann Netto, no livro "Espiritismo e Marxismo", 
capítulo IV.






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