Introdução

Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!

sexta-feira, 25 de março de 2016

SOBRE A ARQUITETURA E A IMPRENSA, A PROPÓSITO DA COMUNICAÇÃO DE GUTTEMBERG


Em resposta à comunicação anterior de Guttemberg que pode ser vista clicando-se aqui.

(SOCIEDADE ESPÍRITA DE PARIS 
─ MÉDIUM: SR. A. DIDIER)

O Espírito de Guttemberg definiu muito poeticamente os efeitos positivos e tão universalmente progressivos da imprensa e do futuro da eletricidade. Nada obstante, permito-me, como antigo construtor de castelos, torreões, terraços e catedrais, expor certas teorias sobre o caráter e o objetivo da arquitetura da Idade Média. 
Todos sabem, e em nossos dias ilustres arqueólogos ensinaram que a religião, a fé ingênua, ergueu com o gênio do homem esses soberbos monumentos góticos espalhados por toda a superfície da Europa, e aqui, mais do que nunca, a ideia expressa por Guttemberg é cheia de elevação. 
Contudo, sentimo-nos na obrigação de emitir a nossa opinião, não contra, mas a favor. 
A ideia, essa luz da alma, centelha real que infunde a vontade e o movimento ao organismo humano, manifesta-se de diversas maneiras, quer pela arte, quer pela filosofia, etc. A arquitetura, essa arte elevada que talvez melhor exprima a índole e o gênio de um povo, nas nações impressionáveis e crentes foi consagrada ao culto de Deus e às cerimônias religiosas. 
A Idade Média, sustentáculo do feudalismo e da crença, teve a glória de fundar duas artes essencialmente diferentes em seu objetivo e sua consagração, mas que exprimem perfeitamente o estado de sua civilização: o castelo fortificado, habitado pelo senhor ou pelo rei; a abadia, o mosteiro e a igreja; numa palavra, a arte arquitetônica militar e a religiosa. 
Os Romanos, essencialmente administradores, guerreiros, civilizadores e colonizadores universais, forçados que eram pela extensão de suas conquistas, jamais tiveram uma arquitetura inspirada por sua fé religiosa. Só a avidez, o amor ao ganho e ao poder executivo lhes fizeram construir esses formidáveis montes de pedras, símbolo de sua audácia e de sua capacidade intelectual. 
A poesia do Norte, contemplativa e nebulosa, unida à suntuosidade da arte oriental, criou o gênero gótico, a princípio austero e discretamente florido. Com efeito, vemos na arquitetura a realização das tendências religiosas e do despotismo feudal. 
Essas ruínas famosas de muitas das revoluções humanas, mais do que o tempo, ainda se impõem por seu aspecto grandioso e formidável. Parece que o século que as viu erguer-se era duro, sombrio e inexorável como elas. Mas daí não se deve concluir que a descoberta da imprensa, por mais que distenda o pensamento, tenha simplificado a arte da arquitetura. 
Não, a Arte, que é uma parte da ideia, será sempre uma manifestação religiosa ou política, ou militar, ou democrática, ou principesca. 
A Arte tem o seu papel, a imprensa tem o dela. Sem ser exclusivamente especialista, não se deve confundir o objetivo de cada coisa. É preciso dizer apenas que não se deve misturar as diferentes faculdades e as diversas manifestações da ideia humana.

ROBERT DE LUZARCHES

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