Introdução

Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!

quarta-feira, 9 de março de 2016

OS CAMINHOS DO AMOR - QUEM É A MULHER?

Essa é uma questão que deve ser respondida antes de elaborarmos outras reflexões sobre o tema. Buscando a resposta a essa questão, fatalmente esbarraremos com uma outra pergunta também importante: quem é a mulher moderna? Tentemos refletir sobre o assunto à luz do Espiritismo...


A mulher é um Espírito reencarnado, com uma considerável soma de experiências em seu arquivo perispiritual. Quantas dessas experiências já vividas terão sido em corpos masculinos? Impossível precisar, mas, seguramente, muitas, se levarmos em conta os milênios que a Humanidade já conta de experiência na Terra. 

Para definir a mulher moderna, precisamos acrescentar às considerações anteriores o difícil caminho da emancipação feminina. A mulher de hoje não vive um contexto cultural em que os papéis de ambos os sexos estejam definidos por contornos precisos. A sociedade atual não espera da mulher que apenas abrigue e alimente os novos indivíduos, exige que ela seja também capaz de dar sua quota de produção à coletividade. Estão as mulheres emergindo de uma passado de submissão e subalternidade e começam a ocupar seu espaço, participando mais decisivamente da construção de um novo estilo de vida. São muitas as propostas que se endereçam atualmente ao público feminino. É oportuno e válido que se avaliem criticamente essas propostas, já que, como espíritas, estamos todos comprometidos com o projeto de renovação da Humanidade, que é a meta do Espiritismo.

As pesquisas sociológicas provam que a supremacia masculina foi obtida pela violência. O homem, dotado pela natureza de maior força física, utilizou esse recurso para dominar e oprimir o mais fraco. A mulher, fisicamente mais frágil, porém portadora de maior sensibilidade, tem sabido adaptar-se aos diferentes contextos, exercendo sempre uma influência disfarçada no meio social, adestrando-se nas sutilezas da sedução e do envolvimento. Embora neste século tenhamos caminhado a passos largos em diversas direções de progresso, esse jogo de força e sedução ainda predomina nas relações entre homem e mulher, gerando distorções e conflitos sempre crescentes. Examinemos algumas informações que o estudo espírita nos faculta, para alcançarmos uma compreensão mais clara desse problema. 

A sociedade ocidental formou-se sob a forte influência das culturas greco-romana e hebraica, culturas em que a mulher ocupava uma posição de total dependência do homem. Não obstante a pregação de Jesus, que em nenhum momento discriminou a mulher, a igreja primitiva, responsável pela difusão da mensagem cristã ao mundo, absorveu abundantemente a influência do Judaísmo, que via a mulher como a responsável pelo aparecimento do pecado no mundo. É marcante a influência dos textos paulinos na postura adotada pelas organizações religiosas que se incumbem até hoje da difusão do Cristianismo. Observemos o seguinte texto transcrito da Primeira Epístola de Paulo a Timóteo, 2:11 a 14: 

A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão e depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão.

As duas primeiras afirmações do texto demonstram claramente como se definia a participação da mulher: aprender em silêncio e submeter-se à autoridade masculina. Em seguida, explicita-se a causa desse posicionamento. Observe-se que a conjunção causal porque inicia a frase. Essa causa está na doutrina judaica da criação do mundo, cujo conteúdo todos nós já conhecemos: o homem feito de barro, a mulher da costela do homem, a aparição da serpente, etc. 

Já se faz tardia a ingente tarefa que cabe à Doutrina Espírita de escoimar a mensagem cristã dos enxertos provenientes de diversas origens, para que a Doutrina do Cristo possa penetrar a intimidade do coração humano, realizando a tarefa de libertação tão ansiada. Atentos a essa missão, os Espíritos reveladores retomaram as propostas de Jesus e, em O Livro dos Espíritos questões 817 a 822, registram-se as informações que deles colheu Allan Kardec acerca da posição da mulher. 


O Livro dos Espíritos 

817. São iguais perante Deus o homem e a mulher e têm os mesmos direitos?

“Não outorgou Deus a ambos a inteligência do bem e do mal e a faculdade de progredir?”

818. Donde provém a inferioridade moral da mulher em certas regiões?

“Do predomínio injusto e cruel que sobre ela assumiu o homem. É resultado das instituições sociais e do abuso da força sobre a fraqueza. Entre homens moralmente pouco adiantados, a força faz o direito.”

819. Com que fim mais fraca fisicamente do que o homem é a mulher?

“Para lhe determinar funções especiais. Ao homem, por ser o mais forte, os trabalhos rudes; à mulher, os trabalhos leves; a ambos o dever de se ajudarem mutuamente a suportar as provas de uma vida cheia de amargor.”

820. A fraqueza física da mulher não a coloca naturalmente sob a dependência do homem?

“A força que a um sexo Deus concedeu é para que proteja o outro, não para que o escravize.”

Deus apropriou o organismo de cada ser às funções que lhe cumpre desempenhar. Tendo dado à mulher menor força física, deu-lhe ao mesmo tempo maior sensibilidade, apropriada à delicadeza das funções maternais e à fragilidade dos seres confiados aos seus cuidados.

821. As funções a que a mulher é destinada pela Natureza terão importância tão grande quanto as deferidas ao homem?

“Sim, maior até. É ela quem lhe dá as primeiras noções da vida.”

822. Sendo iguais perante a lei de Deus, devem os homens ser iguais também perante as leis humanas?

“O primeiro princípio de justiça é este: não façais aos outros o que não quereríeis que vos fizessem.”

a) – Assim sendo, uma legislação, para ser perfeitamente justa, deve consagrar a igualdade dos direitos do homem e da mulher?

“Dos direitos, sim; das funções, não. Preciso é que cada um esteja no lugar que lhe compete. Ocupe-se do exterior o homem e do interior a mulher, cada um de acordo com a sua aptidão. A lei humana, para ser equitativa, deve consagrar a igualdade dos direitos do homem e da mulher. Todo privilégio a um ou a outro concedido é contrário à justiça. A emancipação da mulher acompanha o progresso da civilização. Sua escravização marcha de par com a barbaria. Os sexos, além disso, só existem na organização física. Visto que os Espíritos podem encarnar num e noutro, sob esse aspecto nenhuma diferença há entre eles. Devem, por conseguinte, gozar dos mesmos direitos.”

Continua... 



Por Dalva Silva Souza no livro: "Os Caminhos do Amor" Editora FEB.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Brilhe a Vossa Luz!!!