Introdução

Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!

segunda-feira, 14 de março de 2016

O LEGADO DA TOLERÂNCIA



A perene madrugada inebriava aquelas vidas.
  
Dias assinalados pela apoteose da esperança, inundados de amor, em que a cornucópia da misericórdia derramava bênçãos em abundância, constituíam uma quadra que jamais a Terra experimentara nos seus fastos passados ou voltaria a gozar no futuro...  

A paisagem dos corações cada vez se multiplicava pela presença dos aflitos e angustiados que se atropelavam na expectativa de fruir os resultados felizes daqueles momentos, que, talvez, fossem interrompidos logo mais...  

As conjunturas da política dominante e ignominiosa do usurpador estrangeiro produziam sulcos de revolta no solo das almas, e os bajuladores armavam ciladas nas bocas torpes dos representantes da comunidade, procurando pôr a perder o Pomicultor Sublime.  

Onde Ele surgia, à semelhança de radiosa luz, atraía necessitados do corpo e da alma. Suas sementes de amor eram espalhadas fartamente em tentativas constantes de futura fecundação abençoada.
  
Os convidados ao colégio da fraternidade, que conviviam na Sua intimidade, armazenavam os grãos da vida, aprimorando a terra íntima do espírito para fecundá-los oportunamente.  

Não compreendiam, porém, em toda a magnitude a grandeza da Mensagem que Ele espalhava em fortuna farta.
  
Assim, repontavam ciúmes em forma de zelo exacerbado, — queixas injustificáveis, — todas essas bagatelas da pequenez humana na planície das paixões, sem forças para superarem os óbices, galgando por fim o planalto da compreensão geral.  

A Boa Nova seguia triunfalmente e muitos que dela se beneficiavam saíam a comunicar a outros corações o milagre da sua claridade lenificadora.  

As narrações exaltadas competiam com os ódios que explodiam resultantes do despeito gratuito dos comensais da politicagem religiosa e da administração ingrata.  


* * *  

Senhor, eis que encontramos um homem pelo caminho que curava em Teu Nome, expulsando Espíritos infelizes, — revelou, expedito, João, retornando de pequena viagem. (*)  

E que fizeste? — Inquiriu Jesus.  

Repreendemo-lo   —   protestou   o   discípulo inexperiente.  —  Expusemos  que  ele não  tinha  o direito de usar o Teu nome, pois que não privava contigo, não formava no grupo dos nossos. E fi-lo, defendendo os nossos objetivos para que os propósitos de elevação em que nos empenhamos não se entorpeçam através de pessoas incapazes de imprimir à própria vida a excelência da lição que nos transmite.  

Brilhavam em júbilo os olhos do jovem companheiro, excessivamente zeloso quanto ao futuro do Evangelho nascente.  

Jesus, porém, fitou-o com infinita bondade, admoestando-o, benigno:  

— Fizeste mal; pois todo aquele que não é contra nós é por nós. Se alguém em meu nome expulsa Espíritos maus, asserenando obsessos e acalmando obsessores, cultivando nas almas o pólen da saúde que se converte em pomar de tranqüilidade, não poderá voltar-se contra nós, depois, assacando calúnias e no futuro erguendo-nos acusações. A palavra de amor é moeda de paz para aquisição do continente das almas.
  
E desejando expressar de maneira inolvidável o significado da tolerância e da caridade, prosseguiu:
  
— O servidor do Evangelho deve fiscalizar com sincera acuidade as nascentes íntimas dos sentimentos  de modo  a  cercear  no começo  os adversários cruéis, que são o egoísmo e o orgulho, a inveja e o ciúme com toda a corte de nefandos sequazes. . . Os inimigos de fora não conseguem atingir o homem, senão exteriormente, pois que só alcançam a forma, sem lobrigarem mudar a constituição intrínseca do ser. Vinculado ao ideal superior da vida a que se entrega, o discípulo sincero compreende os que dormem no amolecimento das paixões, desculpa os perseguidores e não receia que outros corações, também, fascinados pela luz da verdade, desejem integrar-se no lídimo ideal da solidariedade a benefício de todos.

Dia virá em que a Mensagem da Boa Nova se espalhará pelos múltiplos campos do mundo em formosa semeadura de abnegação, convocando multidões ao ministério excelso. Irmanados no ideal do serviço, todos aqueles que nos não combaterem ajudar-nos-ão, contribuindo eficientemente para a colheita dos resultados valiosos.

Como se se alongasse pelos confins dos tempos, pressentindo as dores acerbas e as lutas árduas pela implantação do Reino de Deus entre os homens, o Mestre concluiu: Irromperão em catadupas violentas os rios do sofrimento, de quando em quando, arrebentando represas e correndo destruidores com o objetivo de esmagar os que estejam à frente, em nome das paixões irrefreáveis, ou em caudais contínuas ameaçando arrastar os que teimem em suportar-lhes o ímpeto... Eu estarei vigilante, porém, acima das vicissitudes, socorrendo os timoneiros da fé e recolhendo os náufragos. No entanto, as desagregações internas, as disputas intestinas pela supremacia de uns em detrimento de outros, as lutas pela herança, esgrimindo as armas nefastas das guerras surdas e as intrigas sutis, serão mais danosas do que as agressões que procedam do mundo contra o nosso ideal de amor. Interliguem-se todos aqueles que sonham com a imortalidade, os que me amam, afastando barreiras e derrubando obstáculos para que mais rapidamente se implantem as realidades do amor e do perdão no solo das vidas... Ninguém se escandalize nunca, por encontrar fora da grei o mensageiro da saúde, o intermediário do bem, porque aparentemente estejam desvinculados das linhas conhecidas do serviço. Meu Pai dispõe de recursos que nos escapam e como é o Autor de tudo e de todos, cumpra cada um irrestritamente com o seu dever, transferindo para Ele, o Senhor de todos nós, os resultados do nosso trabalho.
  
Silenciou, tranqüilo, e uma aragem de confraternização penetrou melhor nos homens que O escutavam, no reduzido grupo da amizade, como se avaliassem as responsabilidades que lhes cabiam.  

Face ao dever maior, a tolerância é medida de justo progresso, tradutora das conquistas realizadas pelo discípulo fiel e afervorado da Verdade, no serviço redentor.  


Por Divaldo Pereira Franco, através do Espírito Amélia Rodrigues,no livro "Luz do Mundo". 


(*) Marcos 9:38 a 42. Nota da Autora espiritual.

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