Introdução

Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!

quinta-feira, 31 de março de 2016

ESTIVE PENSANDO: 31 DE MARÇO - UMA DATA; DOIS ACONTECIMENTOS; UMA MESMA REFLEXÃO!



A marcação temporária no calendário, que nos afirma ser 31 de março, tem para mim, na perspectiva de onde hoje me encontro no tempo-espaço, uma possibilidade de através de dois eventos vinculados à ela me fazer uma única reflexão. 

Nesta data em 1869 desencarnava Allan Kardec. Nesta data em 1964 ocorria no Brasil um golpe militar (assim mesmo em minúsculo para retirar desse ato qualquer grandeza que seja).

Com o desencarne de Kardec, acreditava-se que o Espiritismo perderia sua força, seus conceitos seriam esquecidos e a filosofia e a ciência que carregavam no bojo doutrinário seria descrita no futuro como sendo apenas mais uma que ocorrera na história da evolução humana.

Com o golpe militar (sempre minúsculo) acreditava-se que a moral e os bons costumes, alicerçados na tríade impiedosa da Tradição-Família-Propriedade pudesse colocar o País nos trilhos, e nesse caso os fins, cerceamento de liberdades individuais, justificariam os meios. 

Após o desencarne de Kardec, era evidente que a progressão das ideias sofresse algum tipo de alteração da velocidade, mas longe de a estagnar, pois o que era trazido pela Codificação, fundamentada em 21 obras desde o lançamento de O Livro dos Espíritos em 1857 e a publicação do último número da Revista Espírita organizada por ele em abril de 1869, transcendia a qualquer valor meramente especulativo, interpretativo, ou subjetivo. 

Após o golpe militar, acreditava-se que os militares, até então artífices de todas as grandes modificações que tivemos ao longo da história, apenas organizariam a casa para convocar novas eleições e entregarem o País aos trilhos da Democracia. O tempo cuidou de mostrar que isso não ocorreu e a partir de 1968, com os Atos Institucionais, a coisa de verde e amarelo contra o vermelho, ficou foi preta.

Kardec legou para a Humanidade a codificação e sistematização de definições, conceitos, argumentos, opiniões e revelações que permearão a nossa vida para todo o sempre, dada a sua condição de eterna verdade. A existência de Deus, a sobrevivência da alma após a morte, a comunicabilidade entre planos materiais e espirituais, e a reencarnação como ferramenta para a educação completa do Ser sempre fizeram parte das Humanidades, dentro de campos específicos das religiões, mas nunca como resultado de um processo de dissecamento científico e filosófico que promovem reflexões e com isso, consequências morais que nos remetem, quase que obrigatoriamente (mas não deterministicamente) para o entendimento e a prática da caridade (benevolência para com todos, indulgencias para com as imperfeições alheias e perdão das ofensas). 

O golpe militar nos mostrou no decorrer de suas sistemáticas para reafirmação que a força pode conter momentaneamente o avançar das ideias, mas não a anula e muito menos a elimina. Nos mostrou que longe da defesa dos interesses nacionais, da integração do País, em prol dos menos favorecidos, ela atuou em prol de um entendimento que manda quem pode, obedece quem tem juízo. Enquanto uns choraram, outros vendiam lenços e apoiaram aquele disparate: destaque aqui para as Organizações Globo que depois de anos veio a público e pediu desculpas, como se isso diminuísse o mal causado.

Kardec ainda não é devidamente entendido por muitos dos profitentes da Doutrina Espírita, que preferem as facilidades dos mediadores que inundam de bobagens o mercado editorial (e aí entra a grana, sempre a grana, às vezes escamoteada em auxílios aos menos favorecidos) com insinuações espíritas, mas desprovidos de qualquer fundamentação dos ensinamentos dos Espíritos. O que faz a grandeza da Doutrina dos Espíritos, codificada por Kardec, é justamente o que ela nega ao ser confrontada com as opiniões e interesses que não sejam de se reformarem intimamente os seres e participarem coletivamente através de exemplos para que os outros também possam buscar suas reflexões pessoais.

O golpe militar também não foi devidamente entendido por todos nós, pois durante muito tempo através de disciplinas como Educação Moral e Cívica e Organização Social e Política Brasileira fomos doutrinados de que havia ocorrido uma revolução. O tempo cuidou de fazer jus a história e hoje só não reconhece o dano causado ao País por essa ação aquele que concorda com o método da força sendo, eufemisticamente, associado à Disciplina. 

Uma data, dois eventos, uma mesma reflexão: 

Só o tempo e nossa evolução intelectual e moral cuida de colocar os pingos nos ís, em revelar o oculto e sedimentar o óbvio. 

Que o tempo então, patrimônio maior do Espírito que somos possa nos auxiliar na compreensão do passado a fim de nos melhorarmos no hoje e por consequência que nosso futuro seja por isso também melhor.  

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