Introdução

Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

O BEM E O MAL





Questão de alta complexidade para a criatura hu­mana, o dualismo do bem e do mal encontra-se ínsito na sua psicologia interior, confundindo-a e perturban­do-lhe, não raro, o discernimento.


Com características metafísicas, na sua formulação abstrata, essa dualidade concretiza-se nos atos do ser, gerando fenômenos relevantes de consciência, que con­tribuem para o equilíbrio ou a desordem psíquica, de acordo com as suas respectivas manifestações.


Em todos os períodos da cultura ancestral encon­tramos o esforço da religião e do pensamento tentan­do estabelecer os paradigmas em que se apoiam um e outro, para melhor explicá-los.


Ontem, era uma abstração meramente filosófica ou religiosa, passando, mais tarde, a fazer parte da ética, no capítulo da moral, avançando historicamen­te até interessar à sociologia, ao comportamentalis­mo, à psicologia.


O código de Hamurabi, inscrito em uma estela de diorito, já definia as ações louváveis e as reprochá­veis, simbolizando o bem e o mal, com as respectivas consequências legais no comportamento humano em relação à criatura em si mesma, à sociedade e ao seu próximo.


Entre medos e persas — o livro sagrado Zend­Avesta separava a mesma dualidade nas personifi­cações de Ormuzde — ou representação do bem — e Ariman — ou personificação do mal —, em cuja luta o último seria submetido e por consequência elimina­do.


A Bíblia, por sua vez, representa o bem nas dei­dades angélicas e o mal, nas demoníacas, ambas, no entanto, sob o controle de Deus, contra Quem se rebe­lara Lúcifer que, expulso do paraíso, tornou-se-Lhe o adversário temerário...


A Metafísica Tradicional, analisando a Criação, estabeleceu os dois princípios, do bem e do mal, que se vinculam ao conciliador, no vértice superior do sim­bólico triângulo isósceles.


Logo depois, a interpretação chinesa apresentou-os nas duas admiráveis forças cósmicas: o Yang — masculino, positivo, seco, bom — e o Yin — feminino, úmido, negativo, frio —, que se conciliam sob o coman­do da suprema perfeição ao confundirem-se, gerando a harmonia.


Inspirada no hinduísmo, a Trilogia da Criação apresenta Brama como Plenipotente, o Princípio Su­premo, e as duas forças antagônicas, Vishnu, o Con­serva dor, ou princípio construtor e Shiva, o Destruidor, ou princípio aniquilador dos seres, em perene luta até a supremacia do edificador...


Das concepções pretéritas à realidade presente, filosoficamente o bem é tudo quanto fomenta a bele­za, o ético, a vida, consoante a moral, e o mal vem a ser aquilo que se opõe ao edificante, ao harmônico, ao bem.


Sociologicamente o bem contribui para o progres­so, e todas as realizações que promovem o ser, o gru­po social e o ambiente expressam-lhe a grandeza, a ação concreta que resulta da capacidade seletiva de valores éticos para a harmonia e a felicidade.


Como efeito, o mal decorre de todo e qualquer fe­nômeno que se opõe ou conspira contra esse contri­buto superior.


A Psicologia não poderia ficar indiferente a essa dualidade que existe no ser humano, remanescendo como as suas aspirações de crescimento e elevação, do nobre e equilibrado, do saudável e propiciador de paz.


Ao mesmo tempo, o atavismo dos instintos agres­sivos propele-o para a violência — quando deseja pos­suir —, para o vilipêndio — quando se sente diminuído —, para o grotesco e vulgar — quando derrapa no me­nosprezo de si mesmo...


Desenvolvendo, no entanto, a consciência que sai do torpor de nível de sono sem sonhos, imediatamente começa a perceber os valores que compensam e os que conflitam o comportamento psicológico, impul­sionando-o, embora lentamente, para a adoção de conduta mental e física, idealista e comportamental do bem, tornando-se instrumento útil no grupo soci­al, que se promove e eleva-o a estágio superior, per­mitindo-lhe aspirar sempre a mais e melhor.


Esse discernimento, que resulta da consciência em libertação dos condicionamentos escravizadores, am­plia a capacidade para identificar o bem e o mal, pre­dispondo-o à eleição do primeiro em detrimento do ou­tro.


Se, por acaso, incorre em equívocos de seleção e tomba nas malhas do mal, mesmo que sob as circuns­tâncias perturbadoras do ódio, do medo, da angústia, da volúpia, da desordem interior, ao descobrir-se em falta, faz o quadro de consciência de culpa e sofre as patologias afugentes, que se lhe tornam mecanismos reparadores.


Afirma-se, porém, que a linha divisória entre o bem e o mal é tão fluida e oscilante que, não raro, o bem de hoje torna-se o mal de amanhã e vice-versa, numa di­alética sofista, que se poderia considerar anárquica...


Certamente, muitos códigos e leis, de acordo com as conveniências de grupos e castas, de partidos e raças, de religiões e credos, por questões imediatis­tas, tentam tornar legais comportamentos que não são morais e, reciprocamente, justificando-se atitu­des vulgares e tentando liberar-se comportamentos alienados, condutas extravagantes e arbitrárias.


O Decálogo moisaico, no entanto, sintetiza os có­digos moral e legal, portanto, o que é bem e o que é mal, havendo facultado a Jesus afirmar, em grandio­sa proposta, toda a complexidade desse fenômeno dual: — Não fazer a outrem o que não deseja que ele lhe faça.


Porque ainda injustos os homens, as leis que ela­boram possuem os seus parcialismos, defecções, de­vendo ser respeitadas, sem que a algumas delas se atribuam reais valores morais, significativos e defini­dores do bem e do mal.


O bem e o mal estão inscritos na consciência hu­mana, em a natureza, na sua harmoniosa organiza­ção que deu origem à vida e a fomenta.


Tudo quanto contribui para a paz íntima da cria­tura humana, seu desenvolvimento intelecto-moral, é-lhe o bem que deve cultivar e desenvolver, irradian­do-o como bênção que provém de Deus.


E esse mal, aliás transitório, temporal, que o propele às ações ignóbeis, aos sofrimentos, é rema­nescente atávico do seu processo de evolução, que será ultrapassado à medida que amadureça psicolo­gicamente, e se lhe desenvolvam os padrões de sen­sibilidade e consciência para adquirir a integração no Cosmo, liberado das injunções dolorosas, inferiores.

Joanna D'Angelis, Espírito, através de Divaldo Pereira Franco, no livro: Ser Consciente.

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