Introdução

Há muito o que ser aprendido. Há muito o que podemos extrair do que vemos, tocamos, ouvimos, e acima de tudo, sentimos. Nossa sabedoria vem dos retalhos que vamos colhendo ao longo de nossa evolução, que os leva a formar a colcha que somos. Esse espaço é para que eu possa compartilhar das luzes que formam o que Eu tenho sido!!!

domingo, 17 de abril de 2022

SOBRE A JUSTIÇA

 "A Justiça não é uma virtude como as outras. Ela é o horizonte de todas e a Lei de sua coexistência. (...) todo valor a ela supõe; toda Humanidade a requer. Não é porém, que ela faça as vezes da felicidade, mas nenhuma felicidade a dispensa.

"Porque, se a Justiça desaparece, é coisa sem valor o fato de os homens viverem na Terra. (Kant)

"O justo em suma, é aquele que só fica com sua parte dos bens, e com toda a sua parte dos males. (Aristóteles)

"(...) o justo é o que é conforme a Lei e o que respeita a igualdade, e o injusto o que é contrário à Lei e o que falta com a igualdade.

"Os mais numerosos, não os mais justos ou os mais inteligentes, prevalecem e fazem a Lei.

"A Justiça é a igualdade, mas a igualdade dos direitos, sejam eles juridicamente estabelecidos ou moralmente exigidos.

"Justiça = nem egoísmo, nem altruísmo, mas a pura equivalência dos direitos atestada ou manifestada pela intercambialidade dos indivíduos.

"O 'eu' é injusto em si, pelo fato de se fazer o centro de tudo, e incômodo aos outros, porque cada 'eu' é inimigo e gostaria de ser tirano de todos os outros."

André-Comte Sponville - Pequeno tratado das grandes virtudes



sábado, 16 de abril de 2022

SOBRE A CORAGEM

"O que é universalmente admirado o é, portanto, também pelos maus e pelos imbecis. São eles tão bons juízes assim?

"A virtude não é um espetáculo e não lhe importam os aplausos.

"(...) Embora sempre estimada, de um ponto de vista psicológico ou sociológico, a coragem só é, verdadeiramente estimável, do ponto de vista moral quando se põe, ao menos em parte, a serviço de outrem, quando escapa, pouco ou muito, do interesse egoísta imediato.

"Não se escapa de ego; não se escapa do princípio de prazer, mas encontrar seu prazer em servir ao outro, encontrar seu bem-estar na ação generosa, longe de contrariar o altruísmo é a própria definição e o princípio de virtude.

"O justo sem a prudência, não saberia como combater a injustiça, mas sem a coragem, não ousaria empenhar-se nesse combate.

"A coragem não é a ausência de medo, é a capacidade de enfrentá-lo, de dominá-lo, de superá-lo, o que supõe que ela existe ou deveria existir.

"Só esperamos o que não depende de nós; só queremos o que depende de nós. É por isso que a esperança só é uma virtude para os crentes, ao passo que a coragem o é para qualquer homem.

"A vida nos ensina que é preciso coragem para suportar o desespero, e também que o desespero, às vezes, pode dar coragem."

André-Comte Sponville. Livro: Pequeno tratado das grandes virtudes. 

CAOS E ORDEM


"O dualismo vê os pares como realidades justapostas, sem relação entre si. Separa aquilo que no concreto vem sempre junto: esquerdo ou direito; interior ou exterior; masculino ou feminino.

"A dualidade, ao contrário, coloca 'e' onde o dualismo coloca 'ou'. Enxerga os pares como os dois lados do mesmo corpo, como dimensões de uma mesma complexidade.

"O Universo, cada Ser, cada coisa, contêm dentro de si os dois movimentos: o caos (desordem) e o cosmos (ordem).

"Assim é o caminhar de todas as coisas: ordem-desordem-interação-nova ordem. O caos nunca é absoluto e a ordem, jamais estável. Tudo está em processo permanente e, aberto, em busca de um equilíbrio dinâmico. 

Leonardo Boff. Livro: A águia e a galinha - uma metáfora da condição humana.

HANNAH ARENDT - (1906 - 1975)


"Por não estar em mero isolamento, mas por compartilhar com outros homens o mundo em que habita, o homem o faz em plural.

"Os homens são livres - diferentemente de possuírem o dom da liberdade - enquanto agem, nem antes nem depois, pois ser livre e agir são uma só coisa.

"O poder corresponde à capacidade humana não somente de agir, mas de agir em comum acordo. O poder nunca é propriedade de um indivíduo; pertence a um grupo e existe somente enquanto o grupo se conserva unido.

"Devido à desintegração do poder que não age politicamente em plural, que vemos fomentar o aparecimento da ordem violenta, justificando-a como instrumento de ação política.

"O poder é de fato a essência de todo o Governo, mas não não a violência. A violência é por Natureza instrumental; como todos os meios, ela sempre depende da orientação e da justificação pelos fins que almeja."


quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

CONVICÇÃO DO ESPÍRITO

Romeu de Campos Vergal (02/5/1903-2/7/1980) foi um dos espíritas mais atuantes no Estado de São Paulo, tendo sido Deputado Estadual (1935-1937) e Federal em várias Legislaturas, de 1946 a 1970. Político e espírita intimorato, ingressou bastante jovem no Espiritismo, participando de vários movimentos de propaganda da Doutrina, principalmente como privilegiado orador.
 

Em data exata que não conseguimos precisar, provavelmente entre 1950 e 1955, Campos Vergal, acompanhado de outros confrades, esteve em Pedro Leopoldo visitando Chico Xavier e recebeu esta mensagem, certamente ligada a seu trabalho de legislador, no qual deveria estar empenhado em alguma causa favorável à condição das mulheres. A sabedoria contida nas palavras de Emmanuel convida-nos a meditar o assunto.


Meus amigos, muita paz.

Espiritismo, em verdade, não é um sistema de promessas para a beatitude celestial. É realização do Bem, do Céu na Terra, serviço libertador de consciências e corações para hoje, aqui e agora. Congregados na mesma edificação, sentimo-nos felizes identificando-lhes o sadio propósito de concretizar os ideais divinos, no círculo das experiências humanas. Nossa fé, em tempo algum, deve circunscrever-se ao incenso adorativo, porquanto, em substância, é luta digna por um mundo melhor e por criaturas mais felizes, estendendo-se de nossas convicções mais íntimas aos nossos atos mais insignificantes. E por relacionarmos semelhantes imperativos dos princípios redentores que nos irmanam, cabe-nos o prazer de insistir com o nosso irmão Romeu Campos Vergal, que partilha conosco esta meta de espiritualidade no sentido de preservar em sua expressiva tarefa junto da mente feminina, à luz do Espiritismo santificante.

Permanecemos à frente de um mundo necessitado e o campo de serviço requisita compreensão e atividade sem tréguas em benefício da paz. A política internacional não modificou seus quadros de luta, e o espírito de hegemonia domina, infelizmente, os que governam, quase tanto quanto há dois mil anos, em que a sociedade humana se dividia entre os dominadores possíveis de hoje e as vítimas prováveis de amanhã, nos incessantes espetáculos de ruína e de sangue. 


Não obstante os entendimentos diplomáticos e, apesar da mensagem respeitável dos pensadores dignos, a dolorosa realidade não pode ocultar-se aos mais avisados de raciocínio. De armas ensarilhadas, tão somente, legiões compactas organizam-se vagarosamente para novos embates. Como cogitar uma paz duradoura sem as bases da concórdia espiritual? Em que alicerces pavimentar os programas da ordem se a revolta domina, se a insegurança prevalece, se a desesperação campeia em todos os climas? Impossível arregimentar elementos para o edifício da cooperação mundial, embora nosso dever é de respeito a todas as organizações veneráveis que objetivem a união da família humana, sem a construção da paz espiritual, fruto espontâneo do entendimento superior do homem no campo da vida. 

Defrontados por tremenda crise de caráter em quase todas as regiões do globo, urge renovarmos o roteiro da fé libertadora e esperança que nos reanime a consciência e fortaleça o coração para consentimentos indispensáveis. Não julguem que os desencarnados, de cuja sorte partilhamos, permaneçam a distância dos enigmas que ensandecem a mentalidade do mundo. A morte não nos exonera da responsabilidade perante a nossa realização, que é o Orbe Terrestre. Dividimos o serviço restaurador e velamos como todos, na marcha de reajustamento compartilhando alegria e dores, expectativas e desenganos. Leis eternas traçam-nos obrigações de reciprocidade nos círculos evolutivos em que nos movimentamos e, ainda que o poder humano nos desintegre a morada material que hoje lhes obriga a experiência corpórea, nem por isso estaríamos libertos do dever que nos irmana uns aos outros, em torno da ordem divina. 

Cooperamos, assim, na extensão do Espiritismo salvador, reconstruindo o santuário da crença que os dogmas destruíram. Combatamos, em nós mesmos, a sombra do exclusivismo, para que a universalidade nos enriqueça os sentimentos de mais luz para a vida eterna. 

E, nesse sentido, meu amigo, socorrer a mulher, conferindo-lhe os poderes dignos de uma destinação, na qualidade de doadora da vida, é esforço sagrado que as forças divinas abençoarão em sua estrada de missionário consagrado ao supremo Bem. 

O pensamento religioso é o curso da introdução à espiritualidade sublime. Em suas classes numerosas, é possível organizar proveitosas portas reveladoras da vida, a filosofia coordenar-nos-á os esforços, sincronizando-os quando é necessário, mas a religião traçar-nos-á os caminhos verticais de acesso aos suprimentos divinos. Lutemos, sim, contra as genuflexões, trabalho digno pelo planeta redimido, mas conduzamos o coração feminino aos mananciais dos recursos celestes, para que nossa compreensão facilite a humanidade. 


O mundo sempre esteve repleto de guerreiros dominados pela sede de hegemonia e destruição dos mais fracos; entretanto, semelhantes caracteres, futuros geradores de violência, não surgiriam sem mães belicosas afastadas provisoriamente do ministério que lhes assinala os passos na Terra. Os frutos correspondem à natureza das árvores. As águas trazem resquícios indiscutíveis das fontes em que nasceram. Esclarecer a alma feminil, erguendo-a ao altar do entendimento superior que lhe compete, é renovar a seiva da vida humana. Ajudemos, em vista disso, a mulher, para que a semeadura de flores do amor não se transforme periodicamente em colheita de lágrimas. As jardineiras da experiência humana agradecer-lhe-ão o serviço nobre, o concurso desinteressado e nobilitante.

E não suponha que as organizações do Mais Alto permaneçam distraídas de seu programa bendito de fraternidade e de luz. Unidos ao seu esforço incansável, abnegados companheiros da Esfera superior lhe acompanham a ação e regozijam-se com a coragem e com a fé viva impressas em seu mandato espiritual.

Prossigamos cooperando na doutrina que console e levante, que conforte e movimente a vida, que abrace o sofredor e lhe indique serviço a fazer, que aponte o Céu, mostrando, em seguida, as necessidades da Terra para solucioná-las com amor e dedicação. Não fomos chamados pelo Supremo Poder para a crença inoperante e exclusivista. À frente de nossos olhos, todos os quadros humanos, ainda mesmo os mais deploráveis, constituem apelos ao serviço santificador. Em todos os caminhos há levitas interessados em convenções e companheiros que choram relegados à dificuldade ou ao abandono como o desventurado da parábola. Os bons samaritanos, porém, são ainda raros e não haverá trabalho verdadeiramente salvacionista sem eles.

Que a sabedoria divina nos conceda a graça de incorporarmo-nos à fileira reduzida, e que nossas mãos não descansem no labor sublime do Bem. E que a sua palavra e a sua ação, o seu ideal e a sua fé permaneçam constantemente, como vem acontecendo a serviço da Terra melhor, é o desejo do amigo e servo humilde.

Recebido por Francisco Cândido Xavier, recolhido e relatado por Eduardo Carvalho Monteiro, publicado no livro "Chico Xavier - Inédito", capítulo 19.

A AURORA DOS NOVOS DIAS


"Eis-me aqui, eu que não evocais, mas que estou ansiosa para ser útil à Sociedade, cujo objetivo é tão sério quanto o é o vosso. Falarei de política. Não vos assusteis: sei em que limites devo restringir-me.
 

A situação atual da Europa oferece o mais impressionante aspecto ao observador. Em nenhuma época — não excetuo nem mesmo o fim do último século, que fez tão grande estrago nos preconceitos e abusos que oprimiam o espírito humano — o movimento intelectual se fez sentir mais ousado, mais franco. Digo franco, porque o espírito europeu marcha na verdade. 

A liberdade não é mais um fantasma sangrento, mas a bela e grande deusa da prosperidade pública. Na própria Alemanha, nesta Alemanha que retratei com tanto amor, o sopro ardente da época destrói os últimos baluartes dos preconceitos. Sede felizes, vós que viveis em tal momento; porém, mais felizes ainda serão os vossos descendentes. Aproxima-se a hora anunciada pelo precursor. Vedes empalidecer o horizonte, mas, como outrora os hebreus, ficareis no limiar da Terra Prometida e não vereis levantar-se o sol radioso dos novos dias."

Mensagem recebida na Sociedade de Estudos Espíritas coordenada por Allan Kardec, pela médium Sra. Costel e atribuída a importante escritora francesa desencarnada conhecida como Madame Stael, publicada na Revista Espírita de agosto de 1861. 

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO

A frágil criança que comove e desperta sentimentos nobres, convidando à carícia e ao enternecimento é Espírito com formação ancestral rica de valores positivos e negativos a que a reencarnação faculta aprimoramento.

Atravessando os diferentes períodos do desenvolvimento mental e dos sentimentos que nela jazem, desvela, a pouco e pouco, as experiências anteriores que necessitam ser aprimoradas ou corrigidas conforme as tendências que apresenta.


Deixada a esmo, por não possuir o discernimento hábil em torno dos próprios conteúdos nem das possibilidades que se lhe encontram factíveis, segue a trilha dos hábitos perniciosos que lhe predominam em a natureza, tornando-se  agressiva, aturdida, desconfiada e irresponsável. Os instintos, dos quais procedem as suas conquistas, ainda lhe sobrepujam na individualidade, prevalecendo as reações biológicas em vez das ações que resultam da razão e do equilíbrio.

Eis por que a educação exerce papel relevante na construção do caráter do cidadão, desde quando orientada a partir  da infância, mediante a criação de hábitos formadores dos sentimentos e do caráter, que propiciam o saudável relacionamento social e o consequente crescimento moral-espiritual.

Naturalmente a educação acadêmica, convencional, abre portas para as atividades externas, propiciando os conhecimentos que equipam o ser para os enfrentamentos, para as conquistas da ciência e da tecnologia, para a adoção de doutrinas filosóficas e sociais, para o desenvolvimento das aptidões para a cultura, para a arte, para a crença religiosa... No entanto, é a educação moral que deve ser igualmente conferida, a fim de encarregar-se de desenvolver os sentimentos capazes de enfrentar e superar o egoísmo, a crueldade, a imprevidência, esses inimigos ferrenhos do progresso pessoal e coletivo da Humanidade.

A educação consegue modificar as estruturas negativas da personalidade, proporcionar campo para o crescimento  dos impulsos morais edificantes, para guiar o pensamento no rumo dos deveres, oferecendo forças para que se expressem as aptidões nobres, que são herança divina jacente em todos os seres.

Pode-se perceber a importância da educação mesmo entre os animais irracionais; quando ao abandono, permanecem agressivos e destruidores, enquanto que, disciplinados  e orientados, tornam-se mansos, úteis e amigos das demais criaturas, da sua ou de outra espécie.

A educação integral, aquela que se apresenta nas áreas moral e intelectual, é a grande modeladora que tem por missão incutir hábitos saudáveis, roteiro de segurança, equilíbrio de comportamento e interesse pelas conquistas éticas que exornam o processo de evolução da Humanidade.

Quem não possui hábitos bons, tem-nos maus. Ninguém, porém, vive sem hábitos.

Animal gregário, o ser humano difere dos demais graças à razão, ao discernimento e às tendências para a beleza e a sublimação.

***

Pitágoras, o grande sábio grego, reconhecia o papel preponderante da educação, quando exclamou: – Eduquemos as crianças e não necessitaremos punir os homens.

A história da educação apresenta toda uma saga de experiências que surgem no oriente com a memorização dos  textos dos livros sagrados, passando aos deveres domésticos,  que cabia aos pais transmitir à prole.

Creta foi o Estado grego que logo percebeu a necessidade de cuidar dos jovens mediante a educação escolar, preparando-os para a cidadania, que significava desenvolver no aprendiz a consciência dos deveres para com a Pátria.

Atenas, por sua vez, orientava os seus jovens, após o dever exercido pelas mães e nutrizes, para o aprimoramento dos valores morais em favor da sociedade.

Roma deu prosseguimento à obra da educação conforme os padrões gregos, orientando crianças e jovens para a construção nobre dos grupos social e nacional.

Com Adriano, no entanto, o Estado romano assumiu a responsabilidade da educação orientada, quase sempre, para o conhecimento filosófico, estético, artístico, moral e de cidadania, em face do poder do Império espalhado pelo mundo, que necessitava de hábeis defensores.

A partir da Reforma, os Estados germânicos valorizaram sobremaneira a educação dos jovens, tornando obrigatória nas escolas públicas a alfabetização, a princípio na Saxônia, depois em Würtemberg, impondo o idioma nacional, ao invés do tradicional latim. Mediante a legislação de Weimar, em 1619, o ensino se tornou obrigatório para todas as crianças e adolescentes entre os 6 e 12 anos em toda a Alemanha.

Surgiram, então, as reações da Contrarreforma com os interesses religiosos em prevalência, a fim de preparar as mentes jovens para a manutenção dos seus postulados de fé, considerando os valores nobres da educação.

A seguir, alterou-se a paisagem da educação, graças a homens e a mulheres iluminados que apresentaram métodos mais eficazes para a formação da cultura e para o desenvolvimento moral dos educandos.


O educando, na infância, passou a merecer compreensão psicológica, sendo entendido como um ser em formação e jamais como um adulto em miniatura, criando-se os jardins de infância com Froebel, sendo ressuscitada a didática intuitiva sugerida por Comenius, agora baseada no conhecimento científico, passando a educação a ocupar papel preponderante nos Estados dignos e formadores de homens e mulheres de bem.

Jesus, o Educador por excelência, permanece como o maior didata da Humanidade, por haver demonstrado ser a educação o mais seguro processo de desenvolvimento dos  valores adormecidos na criatura.

Recusando o honroso título de bom, que Lhe foi conferido por um jovem que desejava segui-lo, elucidou que  somente Deus é bom, mas que Ele era mestre, sim, porque toda a Sua trajetória constituía-se uma permanente lição de sabedoria, de amor e de saúde integral.

Jamais se exasperando, mesmo quando desafiado pela pertinácia e pusilanimidade dos Seus adversários, demonstrou que a ciência e a arte da educação são todo um processo de iluminação paciente e enriquecedor, que tem por meta essencial libertar o educando da ignorância por meio do conhecimento da verdade.

Afável e nobre, lecionou pelo exemplo, aplicando a metodologia compatível com o nível de entendimento e de consciência daqueles que O acompanharam.

Somente, portanto, pela educação moral, como esclarece Allan Kardec, será possível edificar o indivíduo saudável,  responsável, capaz de edificar uma sociedade feliz.

 
Pelo Espírito Joanna de Ângelis (retirado do livro "Lições para a felicidade", psicografado por Divaldo Franco).

 


 

domingo, 21 de março de 2021

DESGOSTO DA VIDA. SUICÍDIO

A ociosidade, a falta de fé e muitas vezes a saciedade são as causas de desgosto pela vida que se apodera de certos indivíduos.

Para aquele que exerce suas faculdades com fim útil e de acordo com suas aptidões naturais, o trabalho nada tem de árduo e a vida se escoa com mais rapidez.

O suicídio voluntário é uma transgressão da Lei Divina.

As tribulações da vida são provas ou expiações. Felizes os que as suportam sem se queixar, porque serão recompensados.

Aqueles que colaboram para que as pessoas se desesperem a ponto de cometer o suicídio responderão por um assassínio.

O suicida cujo desespero nasceu do orgulho sofrerá mais.


Há enorme grandeza em lutar contra a adversidade afrontando criticamente um mundo fútil e egoísta. Sacrificar a vida a consideração desse mundo é uma estupidez, pois ele não levará em conta nada disso.

Como se teve a coragem de praticar o mal, é preciso tê-lo também para sofrer-lhe as consequências.

A intenção do suicida lhe atenua a falta, mas nem por isso deixa de haver falta.

Se abolirdes da vossa sociedade os abusos e os preconceitos, não mais tereis suicídios.

O suicídio nada repara.

Uma falta, não importa a sua natureza, jamais abre a quem quer que seja o santuário dos eleitos.

O sacrifício só é meritório quando feito com desinteresse. Aquele que o pratica munido por segundas intenções lhe diminui o valor aos olhos de Deus.

As penas são sempre proporcionais à consciência que se tenha das faltas cometidas.

Não há culpabilidade quando não há intenção ou perfeita consciência da prática do mal.

Reflexões extraídas de “O Livro dos Espíritos”, questões 943 a 957. 

Para aprofundamento sobre o tema verificar também o capítulo v, Suicidas, da segunda parte do livro “O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo.

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

ESQUECIMENTO PROVIDENCIAL

Ouve-se, frequentemente, proferida pelas pessoas ultrajadas ou sofridas, a sentença: "Perdoar, não me é difícil; no entanto, esquecer, é-me quase impossível."

Sem o real esquecimento da ofensa, não vige o verdadeiro perdão.

A lembrança da ocorrência malsã demonstra a permanência da mágoa que, oculta ou declarada, anela pelo ressarcimento do mal padecido.

Quando o coração se sente lenido pelo entendimento do fato infeliz; quando a compreensão compassiva luariza a memória do instante perturbador, o esquecimento toma corpo na criatura e o perdão legítimo se lhe estabelece, ensejando a harmonia que proporciona ao ofensor a oportunidade para a reparação.

O olvido dos acontecimentos nefastos significa valiosa conquista do espírito sobre si mesmo, superando as imposições inferiores do ego e facultando o desenvolvimento das aptidões superiores, que jazem inatas na criatura.

Toda a permanência no mal engendra anseios de desforro, aspirações de cobrança...

Dedicar-se ao equilíbrio psicofísico mediante a harmonização interior, eis o grande desafio para o homem inteligente, que aspira por tentames mais grandiosos, tendo os olhos postos no infinito.

O cultivo das ideias otimistas, positivas, contribui para a superação, para o esquecimento dos desaires, nas recordações nefastas.

Mediante treinamento mental e exercício emocional nas atividades do Bem, é factível o olvido das questões negativas, graças às quais, no entanto, o indivíduo amadurece (emocionalmente), adquire experiência, evolui no processo de conscientização superior.

É providencial o esquecimento do passado, das reencarnações anteriores. Graças a ele, as dificuldades que ressumam do inconsciente profundo, em forma de animosidade e antipatia, de ressentimento e insegurança, tornam-se mais fáceis de ser vencidas, administradas na leitura da renovação interior. Tivéssemos conhecimento lúcido das razões que as desencadearam no pretérito; soubéssemos com clareza das ocorrências que a geraram; recordássemos dos momentos em que sucederam e das circunstâncias em que se deram e se constituiriam verdadeiros impedimentos para a pacificação, para o equilíbrio emocional, para o perdão.

Ademais, a recordação das cenas antes vividas, não ficaria adstrita apenas à personagem central interessada, mas também às outras pessoas que dela participaram, gerando situações amplas e de complexos conflitos.

Ninguém se sentiria em segurança, sabendo que seus equívocos e erros de ontem eram agora recordados por outras pessoas. Tal fenômeno produziria estados humilhantes para alguns, ou, quando menos, profundamente desagradáveis para todos que se encontrassem neles incursos.

Assim considerando, vale a pena ter-se em mente que a soma das experiências anteriores, perturbadoras, com as atuais, produziria tão pesada carga emocional, que a harmonia mental se desconcertaria, interferindo no conjunto social, que ficaria gravemente afetado.

O esquecimento, portanto, do passado espiritual, é providencial para o ser no seu processo de crescimento.

... E não apenas no que diz respeito aos quesitos perturbadores, mas também às ações de enobrecimento, de renúncia que poderiam surpreender a criatura, levando-a à jactância ou à presunção, ou ao marasmo, por facultar-lhe pensar na desnecessidade de mais esforçar-se para prosseguir na conquista de outros elevados patamares.

A reencarnação é processo de evolução trabalhado pela misericórdia de Deus, que estabeleceu, no esquecimento, o valioso recurso para mais ampla aprendizagem e treinamento para o perdão real.

Não obstante, à medida que o Espírito progride, tornar-se-lhe mais lúcida a percepção e ele recorda ocorrências que podem contribuir para o seu progresso, ou conclui, mediante análise dos fatos atuais que lhe oferecem parâmetros para identificar os do passado.

Assim, o verdadeiro perdão somente é possível quando ocorre o olvido pleno ao mal de que se foi objeto.





Divaldo Pereira Franco pelo espírito Joanna D'Ângelis no livro "Desperte e Sejas Feliz". 

ENTENDAMOS SERVINDO

“Porque também nós éramos noutro tempo insensatos.” — Paulo.
(TITO, CAPÍTULO 3, VERSÍCULO 3.)
O martelo, realmente, colabora nos primores da estatuária, mas não pode golpear a pedra, indiscriminadamente.

O remédio amargo estabelece a cura do corpo enfermo, no entanto, reclama ciência na dosagem. Nem mais, nem menos.

Na sementeira da verdade, igualmente, é indispensável não nos desfaçamos em movimento impensado.

Na Terra, não respiramos num domicílio de anjos. Somos milhões de criaturas, no labirinto de débitos clamorosos do passado, suspirando pela desejada equação.

Quem ensina com sinceridade, naturalmente aprendeu as lições, atravessando obstáculos duros.

Claro que a tolerância excessiva resulta em ausência de defesa justa, entretanto, é inegável que para educarmos a outrem, necessitamos de imenso cabedal de paciência e entendimento.

Paulo, incisivo e enérgico, não desconhecia semelhante realidade. Escrevendo a Tito, lembra as próprias incompreensões de outra época para justificar a serenidade que nos deve caracterizar a ação, a serviço do Evangelho Redentor.

Jamais atingiremos nossos objetivos, torturando chagas, indicando cicatrizes, comentando defeitos ou atirando espinhos à face alheia.

Compreensão e respeito devem preceder-nos a tarefa em qualquer parte. Recordemos nós mesmos, na passagem pelos círculos mais baixos, e estendamos braços fraternos aos irmãos que se debatem nas sombras.

Se te encontras interessado no serviço do Cristo, lembra-te de que Ele não funcionou em promotoria de acusação e, sim, na tribuna do sacrifício até à cruz, na condição de advogado do mundo inteiro.

Francisco Cândido Xavier pelo espírito Emmanuel 
no livro "Pão Nosso"